Hans Christian Andersen (1805-1875) foi um poeta e novelista dinamarquês, e por isso a cultura nórdica (dinamarquesa, finlandesa, sueca e norueguesa) tem uma influência importante em seus contos. Ele também escreveu uma autobiografia: “The Fairy Tale of My Life” (O Conto de Fadas da Minha Vida, em tradução livre). Ok, eu confesso, não conheço o livro, mas suspirei com o título – entrou na minha nem-um-pouquinho-pequena lista de livros para ler.
Literatura infantil
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Estátua de Hans Christian em Nova Yorque |
Seus primeiros contos eram baseados em histórias populares que ele tinha ouvido quando mais novo, mas logo passou a escrever diretamente para as crianças – são atribuídos a ele por volta de 156 contos, sendo a maior parte deles original.
É considerado por muitos como o pai da literatura infantil – não é à toa que o Dia Internacional do Livro Infantil é dia 2 de abril: dia em que Hans Christian nasceu. =)
E olhe que a princípio ele dispensou seus escritos de contos de fada como uma “bobagem” e, encorajado por amigos e críticos dinamarqueses famosos, pensou em abandonar o gênero. Para a nossa sorte, mais tarde ele passou a acreditar que os contos de fada seriam a “poesia universal” que muitos românticos sonhavam, a forma poética do futuro, que sintetizaria a arte popular e a literatura e envolveria o trágico e o cômico, o inocente e o irônico.
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A Rainha da Neve - Ilustração de Elena Ringo |
Andersen povoou seus contos com suas observações do sofrimento de crianças menos favorecidas, e “soube como ninguém retratar os desejos da população, fazendo com que suas histórias assumissem a estrutura de crônicas tristes, muitas vezes com conteúdos extraídos de seu próprio cotidiano, inaugurando, assim, o que hoje chamamos de literatura infantil” (de Contos de fadas: de sua origem à clínica contemporânea). Grande parte dos seus contos mostra personagens, lugares e problemas vindos da realidade comum das pessoas. Enquanto nos contos dos Irmãos Grimm o mundo maravilhoso sobressaía, nos de Andersen o maravilhoso é descoberto na realidade concreta, no cotidiano - embora em alguns também apareçam seres fantásticos.
Uma curiosidade: ele não conseguiu aprender a escrever de forma elegante em sua língua natal, por isso seu estilo de escrita é próximo da linguagem falada.
Fofocas literárias
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Estátua de Hans Christian no Jardim dos Reis, em Copenhagen |
Andersen foi amigo do escritor Charles Dickens. Bom, mais ou menos. Eles se encontraram uma vez e conversaram para caramba. Dez anos depois, em uma visita à Inglaterra, Andersen transformou o que deveria ter sido uma visita breve a Dickens em uma visitinha de cinco semanas – o que deixou a família de Dickens meio maluca. Depois disso, o escritor inglês foi gradualmente parando a correspondência com Andersen, que por sua vez tinha gostado bastante da visita e não entendeu porque suas cartas não eram respondidas...
Novidades em suas histórias
Três pontos importantes da obra de Andersen são citados em Contos de fadas: de sua origem à clínica contemporânea como tornando sua obra inédita:
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O Patinho Feio |
1 – A criança representada por meio de personagens infantis
O conto do Patinho Feio é um exemplo – o personagem principal fala pelas crianças mostrando seus medos e sofrimentos. Há quem diga que esse conto seria um retrato da vida do próprio autor e sua trajetória difícil.
2 – Brinquedos que ganham vida
Alguém se lembra do Soldadinho de Chumbo? Contos como esse colocam objetos (no caso, brinquedos) evidenciando a impotência das crianças, cheias de vontades, mas muitas vezes não compreendidas ou não escutadas.
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Soldadinho de Chumbo - Fantasia 2000 |
3 – Papeis principais ocupados por crianças
O protagonista nesse caso não é a representação de uma criança, mas realmente uma criança. No conto A Roupa Nova do Imperador, quem mostra ao imperador sua falta de roupas?
Dica: Não é um adulto.
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A Roupa Nova do Imperador |
Diferente de Charles Perrault, os valores morais, embora perceptíveis, aparecem nas histórias de uma forma mais sutil. Aqui também não temos o jargão “e viveram felizes para sempre”. A Pequena Seria vira espuma do mar, a Pequena Vendedora de Fósforos não tem um final que Disney acharia muito interessante. Isso não quer dizer que TODAS as histórias acabam mal (O Patinho Feio também é dele), mas o tom das histórias é um pouquinho diferente dos Grimm e Perrault.
Contos mais conhecidos
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A Princesa e a Ervilha Ilustração de Edmund Dulac |
Entre seus contos mais conhecidos estão:
- O Patinho Feio
- A Roupa Nova do Imperador
- A Pequena Sereia
- A Princesa e a Ervilha
- A Pequena Vendedora de Fósforos
- A Rainha da Neve.
Você encontra uma lista da maior parte dos contos de Hans Christian Andersen aqui. Tanto os títulos originais, quanto suas traduções para português e inglês.
Você tem algum conto preferido? Também se encantou pelo título da autobiografia dele como eu? Conte para mim nos comentários!
Bibliografia
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